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Morto neste sábado, Bebianno coordenou a campanha de Bolsonaro e foi pivô de crise no início do governo


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O ex-ministro Gustavo Bebianno, em imagem de 2018, durante o governo de transição — Foto: Reprodução/JN

O ex-ministro Gustavo Bebianno, vítima de um infarto fatal na madrugada deste sábado (14), foi um dos principais coordenadores da campanha do presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 e também protagonizou uma crise política no início do novo governo, em fevereiro de 2019.

O advogado de 56 anos era pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo PSDB. Ele se aproximou do então deputado federal Jair Bolsonaro em 2017. À época, Bebbiano se ofereceu para atuar em processos judiciais de Bolsonaro de graça.

Os dois criaram uma relação de confiança a ponto de Bebbiano ter sido escolhido para presidir o PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu, no período das eleições. Durante a campanha, ele foi um dos assessores mais próximos do então candidato e esteve ao lado de Bolsonaro durante as semanas de recuperação após o atentado a faca do qual o presidente foi vítima.

Depois que Bolsonaro ganhou a eleição, Bebbiano, já fora da presidência do PSL, passou a integrar a equipe responsável pela transição de governo, em Brasília. Ele foi um dos primeiros ministros anunciados por Bolsonaro, para comandar a pasta da Secretaria-Geral da Presidência, uma das que despacham no Palácio do Planalto, com proximidade ao gabinete do presidente.

Atritos com o filho do presidente

Antes mesmo de o governo começar, Bebbiano começou a enfrentar atritos com um dos filhos de Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ).

Na disputa por espaço e influência dentro do governo, o filho do presidente costumava criticar o aliado do pai nas redes sociais.

Na composição dos ministérios, Bebianno perdeu força, já que a Secretaria-Geral foi esvaziada por Bolsonaro.

A pasta perdeu o controle da Secretaria de Comunicação da Presidência e do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), que lida com concessões e privatizações. As duas áreas foram absorvidas pela Secretaria de Governo, comandada no início do governo por Carlos Alberto dos Santos Cruz, general da reserva do Exército.

Primeira crise do governo

Em fevereiro de 2019, o jornal “Folha de S.Paulo” publicou reportagens que mostravam a existência de candidatas-laranjas no PSL durante as eleições do ano anterior, período em que o partido era presidido por Bebbiano. De acordo com o jornal, candidatas receberam verbas do partido para disputar o pleito desproporcionais à quantidade de votos que obtiveram, que não passava de poucas centenas. O termo candidatura-laranja se refere a candidatos de fachada, que entram no pleito sem chance de ganhar e recebem do partido recursos que, na verdade, são repassados sem registro a outros candidatos.

Bebianno sempre negou irregularidades, afirmando que não foi o responsável por escolher as candidatas que receberam dinheiro do partido. Isso porque, segundo ele, a decisão coube aos diretórios estaduais.

O episódio, no entanto, respingou no governo. No auge da crise com as candidaturas-laranjas, Bebianno deu uma entrevista ao jornal “O Globo” dizendo que não era pivô de uma instabilidade dentro do governo e, como prova disso, afirmou que naquele dia havia conversado três vezes por telefone com Bolsonaro. O presidente estava no hospital, se recuperando de uma cirurgia.

Após a publicação da entrevista, Carlos disse em uma rede social que Bebianno havia mentido ao dizer que havia falado com o presidente.

Carlos, e depois o próprio Bolsonaro, chegaram a divulgar um áudio no qual, segundo eles, o presidente diz a Bebianno que não podia falar com o então ministro.

O processo de desgaste do então ministro se intensificou nos dias seguintes, até que ele foi demitido por Bolsonaro.

Dois dias antes da demissão, quando a saída dele do governo já era dada como certa no meio político, Bebianno postou nas redes sociais um texto com a frase: “O desleal, coitado, viverá sempre esperando o mundo desabar na sua cabeça”.

Outro trecho da postagem dizia: “a lealdade constrói pontes indestrutíveis nas relações humanas. E repare: quando perdemos por ser leal, mantemos viva nossa honra”.

No dia seguinte à sua saída do governo, em entrevista à rádio Jovem Pan, ele disse que foi demitido do cargo pelo vereador Carlos Bolsonaro, mas que tinha “afeto” pelo presidente Jair Bolsonaro.

“A observação que eu faço é que o Carlos tem um nível de agressividade acima do normal. No Rio de Janeiro, ele é conhecido como ‘o destruidor de reputações’. Se você ouvir os próprios membros do PSL no Rio de Janeiro, muitas pessoas foram atacadas de forma muito forte, veemente e sem nenhum motivo, pelo Carlos”, disse o ex-ministro na ocasião.

( G1 )
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